31 de março de 2007

Mahavira (Jainismo)


Nâmaskar


Eu já estive em 3 templos jainistas em Kolkata e confesso que gostei muito deles. Bill Clinton, quando ainda era presidente dos EUA também esteve no mesmo templo coberto por mosaico de espelhos que eu estive.


Como hoje é um dia de celebração para os Jainistas, pois hoje é celebrado o aniversário do Mahavira, resolvi postar esta matéria sobre essa religião peculiar aqui da Índia.


O Jainismo foi originalmente, como o budismo, seu contemporâneo, um movimento de reforma dentro do hinduísmo.


Tomou depois forma como religião independente e existe até os dias de hoje, com mais de dois milhões de adeptos na Índia, concentrados sobretudo ao norte do país.


A palavra "Jainismo" ou "Jinismo" tem sua origem no verbo sânscrito "Jin" que significa "conquistador". O Jainismo foi criado no século VI A.C. por Vardhamana, conhecido como Mahavira (Grande Herói). Segundo alguns, contudo, o Jainismo teria surgido dois séculos antes, com Parsvanatha, cujo título honorífico de "vencedor" (jaina ou jina, donde jainismo), também dado a Mahavira, teria sido a origem do nome desta religião. De qualquer forma, coube a Mahavira desenvolver a nova religião.


Como Buda, ele pertencia à casta guerreira, na qual o movimento teve origem.
Tanto o Jainismo como o budismo reagiam contra as concepções existentes sobre a divindade e adotavam posição não-teísta.


Ambos, budismo e Jainismo, no início, protestavam contra o regime de castas e os privilégios dos brâmanes.
Não acreditando em deuses, espíritos ou demônios, os jainistas adotam uma metafísica muito complexa e até contraditória.


Dualistas, afirmam que o universo está dividido em duas categorias últimas e eternas: os seres vivos ou almas (jiva) e as coisas inanimadas ou materiais (ajiva). Entre as últimas distinguem quatro categorias: matéria, movimento, repouso e tempo.
Já os seres vivos constituem uma combinação de alma e matéria, reunidas pelo
karma (ação) e divididos em oito classes com inúmeras subdivisões.
A salvação consiste em liberar-se dos laços materiais e alcançar o nirvana.


No Jainismo o princípio do
ahimsa (não fazer mal a nenhuma criatura) é muito mais rigoroso do que no budismo, o que os torna vegetarianos rigorosos.


Mahavira foi um homem dos mais interessantes, só que pouco se ouve falar dele no ocidente. Era contemporâneo do Buda, nascido no mesmo solo indiano, mas dizem que os dois mestres espirituais nunca chegaram a se encontrar.

Mahavira foi o paradigma do asceta, o rei da disciplina e do autocontrole. Mas seu maior legado à humanidade talvez seja o conceito de
ahimsa, ou não-violência que ele pegou do budismo. A mesma idéia que Mohandas "Mahatma" Gandhi, dois mil e quinhentos anos depois, tentou popularizar na Índia.

Mas o que é
ahimsa, a não-violência? Uma boa definição é a seguinte: não causar nenhum mal a nenhum ser vivo, seja em ação, palavra ou pensamento.


O conceito é simples, mas aplicá-lo em nossas vidas não é fácil. Já não resolvemos mais no braço as pendengas da vida, mas nossa língua e nossa mente continuam craques em ferir as pessoas com quem convivemos.

Os jainistas mais radicais não caminham sem varrer o chão à frente, com receio de pisar nalgum inseto. Acham que toda vida é uma só vida, e que deve ser respeitada. Eles carregam sempre consigo uma espécie de espanador e sempre espanam o local antes de sentar, para não sentarem em nenhum ser vivo. Outra caracteriza é o fato de usarem máscaras de tecido branco na boca (como Michel Jackson) para não engolirem nenhum organismo vivo.


Há duas divisões básicas entre os jainistas, os Digambar e os Shwetambar. Os Digambar andam sempre nus, inclusive em público, mas nunca vão presos e a sociedade aceita perfeitamente os peladões caminhando pelas ruas do país.


Os Shwetambar vestem roupas brancas e não são adeptos do nudismo.


Por favor leia no arquivo do Indiagestão a postagem Mahamastakabhisheka

de 15 de fevereiro de 2006, onde eu explico um pouco sobre esta celebração jainista que sem dúvida nenhuma é a mais importante de todas para seus seguidores.


Incredible India! (slogan do governo indiano)

Om Shanti

29 de março de 2007

Mantras


Namastê

Sei que muitos dos leitores do Indiagestão tem um lado místico-espiritualista e ficam chateados com as verdades que escrevo sobre a Incredible India, mas hoje você vai gostar deste artigo que o Israel Dantas escreveu com muito carinho para vocês. Israel é o dono da comunidade Mantras no Orkut http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1781571

Mantras, Som, Música e Cura...

Os estudiosos modernos e os sacerdotes védicos divergem quanto à época em que os mantras foram registrados por escrito. Alguns eruditas datam os primeiros registros por escrito das quatro escrituras védicas em 1000 A.C, embora a versão mais antiga existente do Rig Veda seja datada só no século XIV da nossa era.

A palavra mantra provém do sânscrito e tem muitas diferenças sutis de significado: “instrumento da mente”, “linguagem divina” e “linguagem da fisiologia espiritual humana” são apenas algumas de suas conotações. Embora os mantras sejam todos escritos em sânscrito, essa língua não é mais falada nas conversas corriqueiras. No entanto, todas as práticas religiosas e tradições hinduístas são ensinadas, conduzidas e transmitidas em sânscrito.

A prática de mantras permite que os chakras “se liguem” com segurança e operem numa “voltagem” mais alta. Quando praticamos mantras sanscríticos, estamos aumentando a capacidade de retenção de energia espiritual pelos chakras. O poder dos mantras não provém de nenhum significado especial transmitido por suas sílabas, mas do efeito vibratório que eles criam quando são recitados repetidamente.

Além de energizar os chakras e atrair a energia do “circunstante”, o mantra também equilibra as energias masculina e feminina que atravessam o corpo, permitindo que a kundalini circule por ele.


Algumas verdades sobre os mantras:

- Os mantras são sons de base energética
- O mantra deriva seu poder do efeito energético produzido por seu som.

- Os mantras são também sons provenientes dos chakras - O mantra afeta tanto o corpo físico quanto sua consciência espiritual.

- O mantra - combinado com a intenção - aumenta os benefícios físicos e espirituais – Quando combinamos a energia física do mantra, a vibração sonora , com a energia mental da intenção e da atenção, aumentamos, fortalecemos e direcionamos o efeito energético do mantra.

- Os mantras só podem ser expressos em palavras de forma aproximada - O mantra vai ganhar uma definição baseada na experiência, ou seja, ele vai ficar conhecido pelos efeitos que produz.

- O mantra energiza o prana – Quando recitamos um determinado mantra visualizando um órgão interno banhado em luz, o poder do mantra pode concentrar-se nesse órgão com efeito positivo.

- Os mantras produzem energias comparáveis à do fogo – Os mantras invocam energias poderosas e, por isso, devem ser tratados com respeito.

À medida que vamos nos aperfeiçoando como praticantes de mantras, novas experiências podem nos ser proporcionadas. Certas pessoas podem começar a ver as auras. Outras podem perceber a entrada de uma energia misteriosa pelas mãos ou pelos pés. E a intuição começa a ficar muito mais aguçada.

A prática de mantras purifica e energiza o corpo físico, a repetição deles tem um efeito similar no corpo sutil. Mesmo a recitação de um mantra em voz extremamente suave afeta os chakras que correspondem aos centros nervosos do corpo físico. O simples fato de pensar num mantra – pronunciando-o mentalmente em silêncio - pode estimular o processo de remoção de impurezas espirituais, energizando os chakras e queimando karmas.

Para se alcançar objetivos espirituais precisos com os mantras, o número total de repetições pode para muitos parecer impossível : 125.000 ou mais. Mas para a solução de problemas mundanos ou materiais, as regras são bem diferentes e o número de repetições muito menor, lembrando de repetir o mantra com a maior freqüência possível por um determinado período de tempo.

Alguns Mantras:

Om Shanti Om [Lê-se om chanti om] – Repetido muitas vezes, induz a um estado de relaxamento, calma interior e bem-estar.
Om Namah Shivaya [Lê-se om namachiváia] – Relacionado ao Deus hindu Shiva, que representa o poder da consciência.
Om Sri Ganeshaya Namaha Om Ganesha Om [Lê-se om siri ganechaiá namarrá om ganecha om] – Relacionado ao Deus hindu Ganesha , da alegria e dos caminhos, facilita a abertura e a finalização de processos.
Om Hanumate Nama [Lê-se om ranumate namá] - Relacionado ao Deus Hanuman, renova as alegrias e reforça a mente.

Maiores informações podem ser acessadas na comunidade Mantras no Orkut http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1781571

Incredible India! (slogan do governo indiano)

Om Shanti

27 de março de 2007

Ramayana



Nâmaskar

Hoje é dia de Rama (ou Ram); quando os hindu lêem o Ramayana por 24 horas ininterruptas. Assim sendo, e eu mesma já tendo lido o Ramayana em versão resumida, resolvi discorrer hoje sobre este grande e antiquíssimo épico sânscrito indiano atribuído ao profeta Valmiki

Ramayana significa “viagem de Rama” e está dividido em sete Kandas (cantos) com um total de 24 mil versos. Agora você entende porque eu li a versão resumida de somente 12 pequenos volumes :-)

Este épico não é somente uma grandiosa obra literária como também faz parte das escrituras sagradas do hinduismo, pois contém os ensinamentos dos antigos sábios hindus e os apresenta através de alegorias na narrativa e a intercalação do filosófico e o devocional. Estima-se que a versão atual tenha sido escrita por volta de 300 anos A.C.

O Ramayana se tornou popular no sudeste asiático e se manifestou em texto, arquitetura e performance, particularmente na Indonésia, Tailândia, Camboja, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas e Vietnã.

Rama é uma das reencarnações do deus Vishnu, um dos três deuses da tríade hindu (Brahma, Vishnu e Shiva), tríade esta que deu origem a tríade cristã (Pai, Filho e Espirito Santo). Sita, esposa de Rama, é um reencarnação da deusa Lakshmi.

O Ramayana retrata toda as manobras políticas da época e a luta pelo poder. Há muitos ensinamentos nas entrelinhas desta obra quanto a cultura indiana e sua forma e filosofia de vida.

No Ramayana o príncipe Rama do principado de Ayodhya tem sua esposa Sita raptada pelo terrível demônio Ravana enquanto eles estão no exílio na floresta. Rama passa a procurar sua esposa incessantemente e recebe ajuda dos macacos cujo chefe principal é Hanuman. Hanuman descobre que sita, a esposa de Rama foi levada para a ilha de Lanka (atual Sri Lanka, ao sul da Índia).

Como não poderia deixar de ser, o Ramayana mostra e deixa claro o machismo dos homens indianos. Imagine você, que finalmente após tantas lutas e batalhas até encontrar e salvar Sita do cárcere onde Ravana a confinou, seu marido Rama a recebe com frieza dizendo que ela não poderia mais ser a sua esposa, depois de ter habitado a casa de Ravana e ter certamente transado com ele.

Sita diz ser inocente e que enquanto esteve presa nada aconteceu. Rama pede a ela para provar sua inocência e ordena que a sua pira funerária fosse construída, já que ela iria preferir morrer com fogo a viver desprezada por seu marido (esta prática hindu de queimar mulheres vivas chama-se Sati).

Rama viu Sita entrar nas chamas sem nenhum temor pois era realmente inocente. Agni, o deus do fogo, apareceu, recebendo Sita ilesa nos seus braços. A sua inocência foi então publicamente provada pois ela saiu ilesa do fogo, e assim, ela foi aceita novamente por Rama, cujo comportamento ela logo perdoou como uma boa e submissa esposa indiana.

Como este evento se passou na floresta, poucas pessoas, só as pessoas dos vilarejos próximos, testemunharam a inocência de Sita na literal prova de fogo (de onde surgiu tal expressão). Ao voltar para o principado de Ayodhya, as pessoas de lá começaram a fofocar dizendo que a tal estória da prova do fogo era balela e que Rama era corno manso. Irritado, Rama pede a Sita que faça novamente a prova de fogo para as pessoas de Ayodhya. Sita sente-se ofendida e profundamente magoada com o marido pois este dá mais importância ao que os outros dizem do que ao que ele mesmo presenciou com seus próprios olhos. Assim, sita pede a deusa terra que a carregue em seu colo. A terra começa a tremer e um grande buraco abre-se no solo onde sita vai submergindo lentamente para nunca mais voltar.

Naturalmente que sendo feminista assumida esta parte do Ramayana mexeu muito comigo, mas não se deixe levar por minha opinião, eu sou muito feminista, e leia o Ramayana para absorver todos os ensinamentos que este grande e maravilhoso épico tem a oferecer.

O mais interessante do Ramayana é que seu escritor, o poeta Valmiki se inclui e participa da narrativa, fato que achei deveras peculiar.

O Ramayana pertence ao Treta Yuga, uma das quatro eras da cronologia hindu.

A rota da viagem de Rama até o sul da Índia, é a cada ano, percorrida por peregrinos devotos. O poema não é um mero monumento literário, mas sim uma parte do Hinduismo. O Ramayana é tido em tal reverência que o mero ato de o ler ou ouvir liberta as pessoas de seus pecados e confere todos os desejos ao leitor ou ouvinte, segundo os hindus.

Como é o caso com muitos épicos orais, múltiplas versões do Ramayana sobrevivem. O Ramayana relatado no norte da Índia difere em aspectos importantes daquele preservado no sul da Índia e no resto do sudeste asiático. Há uma extensa tradição de narração oral baseada no Ramayana na Tailândia, Camboja, Malásia, Laos, Vietnã, e Indonésia.

Existem diversas versões regionais do Ramayana escritas por vários autores na Índia. Alguns deles diferem significantemente um do outro. Muitas outras culturas asiáticas adaptaram o Ramayana, resultando em outros épicos “nacionais”.

Entre as ruínas do império Vijayanagara próximo a Hampi, está uma caverna conhecida como Caverna de Sugriva. A caverna é marcada por desenhos coloridos. Rama conheceu Hanuman aí. O lugar também é o lar do famoso templo Hazararama (Templo dos mil Ramas).

Rama Setu, uma ponte feita de baixios, que se acredita ter sido construída por Vanar Sena (exército de macacos, comandado por Hanuman) entre Índia e Sri Lanka pode ser vista em imagem da NASA. Esta ponte foi construída para que se pudesse chegar ao Sri Lanka e resgatar Sita, a esposa de Rama aprisionada.

Para baixar a série de TV Ramayan acesse o site: (em inglês) http://www.imserba.com/forum/showthread.php?t=69031

O famoso Mahatma Gandhi era devoto de Rama e morreu com seu nome em seus lábios.

Os devotos do guru Ramakrishna devem saber que o nome Ramakrishna é formado por Rama + Krishna, ou seja, as duas últimas encarnações do deus Vishnu.

Incredible Índia! (slogan do governo indiano)

OM Shanti

26 de março de 2007

Neem


Nâmaskar


AMO esta época do ano (primavera) quando o clima é agradável; nem muito frio e nem calor infernal. Pena que são somente poucos dias assim :(
Hoje ao ir ao mercadinho soprava uma brisa suave e milhares de folhas amareladas de Neem rolavam pela rua e se acumulavam embaixo dos veículos estacionados. Esta paisagem quase idílica me fez lembrar de contar para você sobre o Neem Indiano.

O Neem (ou Nim) é uma árvore e seu uso é antiquíssimo aqui na Índia, mas só agora o ocidente está descobrindo esta maravilha indiana. No Brasil, principalmente a galera do nordeste, já está investindo e plantando Neem por aí.

Planta da família das Meliáceas, a mesma família do Mogno, Cedro, etc., vem sendo usada há aproximadamente 4.000 anos pela medicina Ayurvédica, e pelos nativos da Índia, país de origem, onde o Neem é considerado a "árvore da vida".
O Neem, vem sendo pesquisado na Austrália, EUA, Alemanha, Inglaterra e América Central e do Sul. 

O Neem tem sido pesquisado com vistas ao combate de males da saúde humana e animal, além de ser um excelente controlador de pragas e doenças na agricultura e na pecuária. Ele possui várias substâncias com poder de ação inseticida, acaricida, fungicida, nematicida e a cada dia se descobre novas aplicações.


O Neem é uma planta que tem como pragas e doenças somente as formigas cortadeiras (saúva e quenquéns). Sua madeira é valorosíssima, tendo a mesma cotação de seu parente brasileiro, o mogno (atualmente 320 Reais o m³). Possui uma tonalidade rara no mercado, a cor vermelha e atinge o ponto de corte em apenas 3 anos e meio.
Empresas fabricantes de óleo de Neem (azadiracthina) compram as folhas que sobram das podas semestrais, cotadas atualmente a 2 Reais o quilo.



Os pecuaristas também compram folhas secas de Neem (secar a sombra), e as moem. Posteriormente este pó de folhas secas moídas é misturado ao sal que é oferecido ao gado.
O Neem não possui exigência de solo (nasce até em solos ruins, mas nunca encharcados ou salinos). Não possui exigência de pluviosidade (nasce até no semi-árido). Justamente por possuir qualidades bio-protetoras às plantas, seu óleo substitui perfeitamente a maioria dos pesticidas sintéticos.



A sua tora é utilizada como adubo natural, na alimentação de animais e em vermífugos pois possui várias substâncias que combatem os vermes do sistema gastrointestinal, os nematóides,O Neem tem um rápido crescimento e potencialidades que vão da exploração da semente, venda de mudas, madeira, fins terapêuticos entre outros.


O Neem pode ser associado ao plantio de Pimenteiras-do-reino; nesse caso a pimenteira cresce mais forte e com menos propensão ao ataque de pragas e insetos.
Aqui na Índia nós comemos as folhas e flores do Neem fritas. Pomos na água para purifica-la e usamos também em forma de sabonete, desodorante, creme dental e talco anti-pulgas.



As árvores de Neem estão por toda a Índia e meu primeiro contato com o Neem foi logo em 1999 assim que cheguei aqui. É comum os indianos terem pelo menos um pé de Neem plantado no quintal, com minha sogra não foi diferente, e pelo menos 1 vez por semana ela nos dava Neem para comer. Se você não gosta de coisas amargas como jiló então não vai gostar de comer Neem, eu gosto!!



O Neem tem sido usado e recomendado no controle de insetos sugadores e alguns fungos, na pecuária para controlar moscas e carrapatos e como contraceptivo seguro, pois não altera as taxas de hormônios da fêmea do gado bovino.


Incredible India! (slogan do governo indiano)


OM Shanti

23 de março de 2007

Zoroastrismo & Parses


Nâmaskar

Você leu a postagem “Ratan Tata” do dia 06 de março deste ano (2007) e ficou sabendo um pouco sobre este milionário indiano. O que você não sabe é que Ratan Tata faz parte de uma comunidade conhecida como Parsi ou Parse.

Os Parses migraram da antiga Pérsia para a Índia acerca de 1000 mil anos atrás devido a perseguição religiosa.

Atualmente estima-se que haja por volta de 100 mil parses no máximo espalhados por todo o planeta e mais da metade deles moram aqui na Índia, principalmente na cidade de Mumbai. Segundo o Censo de 2001 são 69.601 Parses em Mumbai. Há também 2.500 parses em Karachi, Paquistão e 50 famílias no Sri Lanka.

A comunidade parse possui mais mulheres do que homens, 1.050 mulheres para cada 1.000 homens, primeiro porque eles não matam os fetos e bebês femininos e segundo porque os homens morrem antes das mulheres e portanto há muitas viúvas.

97.9 % dos parses são alfabetizados e a maioria mora nas cidades, somente 1.8 % mora na zona rural.

A comunidade parse é muito fechada e vem diminuindo a cada ano devido a problemas de consangüinidade.

Mas afinal o que caracteriza um parse????

Resposta: Sua religião e costumes.

E qual é a religião de um parse????

Um parse segue os ensinamentos de Zaratustra ou Zoroastro.

Quem vai lhe explicar melhor sobre isto é o senhor Onaldo A. Pereira da comunidade do Orkut: Zoroastrismo - http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=199661

Segundo o próprio senhor Onaldo, foi ele quem introduziu o zoroastrismo no Brasil há alguns anos e traduziu o Gathas de Zaratustra pela primeira vez para o português. Ele mora em Goiás e tem o website http://www.zoroastrismo.org/

Segue abaixo o texto enviado por ele para o Indi(a)gestão.

Zaratustra, vida e ensinamentos

Zaratustra nasceu no dia 06 do mês de Farvardin há 3758 anos (26 de março de 1767 a .C.), no começo da primavera. Seu pai, Pourushaspa, do clã Spitama de uma tribo iraniana, criava gado e era famoso pelos seus cavalos. A sua mãe, Dughdav, era conhecida por suas idéias avançadas. Eles viveram às margens do rio Oxus na Ásia Central.

Zaratustra foi um menino curioso. Ele insistia em fazer perguntas sobre o mundo e sua criação. As respostas dadas pelos sacerdotes não o satisfizeram. Desapontado, Zaratustra voltou-se para si mesmo e para a natureza ao seu redor. A sua busca e pesquisa trouxeram-lhe a iluminação, que o levou a Deus com quem passou a ter íntima comunhão. Contava ele 30 anos quando proclamou ao mundo a sua divina missão e começou a pregar a nova mensagem.

A sua mensagem era prejudicial aos interesses tradicionais dos sacerdotes e governantes de sua época. Por isso os governantes tornaram-se inimigos de Zaratustra, perseguindo, assim, seu pequeno grupo de companheiros durante mais de dez anos. Por fim, ele decidiu correr o risco de procurar pessoalmente o rei Vishtaspa.

O antigo Irã era uma região vasta, compreendendo o que hoje é conhecido como Ásia Central, inclusive o Afeganistão e o Paquistão. Era dividido em muitos reinos agrupados em uma federação frouxa e cada um deles governado por um khsathra, palavra que pode ser traduzida como autoridade da habitação. Alguns dos governantes eram tanto guerreiros quanto intelectuais. Esses governantes eram chamados também de kavis, sábios. Vishtaspa era um kavi poderoso do vale de Helmand, ao sul do País.

Zaratustra, durante dois anos explicou a sua mensagem à família real de Vishtaspa. No fim desses dois anos estava estabelecida ali uma religião sem sacrifícios sangrentos, sem violência. Agora o caminho era a Boa Mente, as Boas Palavras e as Boas Ações. Zaratustra tinha 42 anos naquela época.

Todo o povo daquele País passou por uma completa transformação. Os filhos dos reis esqueceram o trono e saíram pelo mundo como missionários, os primeiros da história da humanidade. A Boa Religião se espalhou amplamente durante a vida de Zaratustra. A sua missão foi um grande sucesso. Satisfeito com o fato de ver seus melhores desejos realizados, Zaratustra faleceu com 77 anos. O seu nascimento é celebrado todo ano com festa; a sua morte, contudo, nunca se tornou um rito religioso.

O fruto do trabalho de seus missionários resultou em algo inusitado até então na história da humanidade, uma comunidade composta por pessoas de muitas raças e nações.

A sua mensagem divina é uma revelação única, uma visão diferente, uma nova filosofia e uma doutrina singular. Ela limpa a mente humana de todos os preconceitos, superstições e maus pensamentos. Ela renega as deidades ferozes e proclama Ahura Mazda, a Essência da Sabedoria, o Deus que cria, mantém e promove o cosmo, esse bom e belo Universo. A mensagem de Zaratustra anuncia a paz, o progresso e a prosperidade nessa boa terra e uma vida que continua sendo abençoada após a morte.

A sua missão é uma mensagem viva. Ela é divina. É baseada no triplo princípio de Boa Mente, Boas Palavras e Boas Ações. Ela promove a mente humana e estimula a sua faculdade pensante. Ela resolve o complicado problema do bem e do mal, atribuindo-o a uma atitude mental. O bem e o mal são duas disposições mentais. Uma serve e promove a sociedade humana em um mundo ecologicamente são e a outra prejudica e retarda o seu progresso. O ser humano, nascido livre, tem a capacidade de escolher. Uma pessoa faz o bem ou o mal de acordo com a inclinação de seus pensamentos, palavras e ações. Boas ações levam a pessoa à integridade e as más ações produzem sofrimentos até que se consiga que a verdade prevaleça com a ajuda da luz. Os atos individuais e coletivos resultam em conseqüências positivas ou negativas para todos, indistintamente.

A mensagem divina advoga que cada pessoa faça a boa escolha de favorecer, com as suas boas atitudes, a todo o mundo vivente, essa é a vontade de Deus. Ela reconhece a mulher e o homem como absolutamente iguais em direitos e dignidade. Não existe superioridade racial. A única superioridade está na prática do bem que leva ao bem-estar individual e coletivo e, por fim, faz um mundo melhor e mais pacífico. A liderança é muito importante nesse processo, por isso, a escolha das pessoas para postos de serviço à comunidade deve ser democrática e responsável.

A religião de Zaratustra é sempre auto-renovável, aberta a mudanças para melhor. Por isso é um guia para todas as épocas, todos os povos e lugares.

A mensagem de Zaratustra almeja o conhecimento de Deus, o amor entre as pessoas, o cuidar dos animais, das plantas, da água, do ar e dos minerais. Ela quer a promoção desse mundo que é tanto material quanto espiritual. O seu pensamento criou um sistema ético aberto que se aplica em todos os aspectos da vida.

Zaratustra deixou a sua mensagem em 17 cânticos conhecidos como os Gathas. Eles chegaram até hoje trazendo a inteireza de suas palavras, uma maravilha viva, uma bênção divina.

Os Gathas são orações a Deus e um guia para a humanidade. Cada uma de suas linhas, em todos os seus versos, é comunhão com Deus, ao mesmo tempo que transmite uma mensagem eternamente moderna. Os Gathas orientam a humanidade em harmonia com a ciência moderna. Com os Gathas como guia, a pessoa aprende voluntariamente a buscar para si e para todos a Boa Vida, na prática da Boa Mente, da Boa Palavra e da Boa Ação. Essa é uma mensagem divina para a construção de um mundo melhor.

Onaldo A Pereira

Os seguidores de Zaratustra (Zoroastrismo) fazem seus cultos religiosos nos Templos do Fogo (Fire Temples), onde o fogo tem um significado importante para eles. Este e outros temas ficam para uma futura postagem.

OM Shanti

22 de março de 2007

RESPOSTAS


Nâmaskar


O verão se aproxima e com ele a terrível falta de energia elétrica. Os “apagões” já começaram por aqui e portanto corremos o risco de termos postagens tardias ou de simplesmente não termos nenhuma postagem devido a falta de energia elétrica. Quando você abrir o blog e não vir matéria nova postada, já sabe – A Sandra tá no escuro!!!


E vamos as respostas...


Priscila: Não fique revoltada amiga, aqui na Índia 99% (sem exagero) dos casamentos são arranjados.


Antigamente você só via a cara do dito cujo ou da dita cuja no dia do casamento!! Agora pelo menos você tem a chance de ver por foto ou até mesmo pessoalmente 1 mês antes do casamento, isso para as famílias mais modernas, claro! É normal.


Lana: Não é preciso coragem para usar sari, é preciso destreza pois é muito inconfortável apesar de lindos. Eu não me adaptei a eles. Ainda prefiro roupas com costuras, botões etc.


Elci: Sim, o conceito de prisão perpétua aqui é de 30 anos de cadeia. Isso é o máximo que alguém fica em cana. Coisas da Incredible Índia!


Jansen: Eu querendo ser “compartilhada” com um desses atores indianos gostosões e meu marido nada de me compartilhar Hahahahahaha.


O compartilhamento se dá somente entre irmãos, primos, tio etc. Se for para homem de fora da família então é aluguel de esposa, o cara tem que pagar pelo “serviço”. A Índia é Incredible ou não é????


Júlio: Agradeço MUITO pelo link da propaganda da Coca Cola com arrotos. VALEU!!!


http://www.youtube.com/watch?v=f6S4M-Sky7A


Valmir: Sim, amigo, fui à Parati e gostei pois é um lugar muito tranqüilo e histórico, como sou rata de museu me senti dentro de um museu cercada por história!!! Não deixe de fazer um passeio de escuna se você for para Parati e cuidado ao andar pelas ruas históricas pois as pedras são escorregadias e você pode torcer o tornozelo. Leve dinheiro para gastar nos diversos bares e restaurantes, um mais aconchegante que o outro. Muito bom, vale a pena!!


Luizão: Obrigada pelo apoio em relação ao blog, fico muito feliz em saber que você gosta do Indiagestão pois assim sinto que meu trabalho não é em vão.


Liliana: Nossa nem tenho palavras para te agradecer a quantidade de artigos que me manda e sua colaboração ao blog. Você faz com que o blog torne-se realidade.


André: Já que você gostou da reportagem sobre o milionário indiano Ratan Tata, sugiro que você leia a postagem de amanhã sobre Zaratrusta o fundador do Zoroastrismo, pois o Ratan Tata é seguidor dos ensinamentos de Zeroastro.


Todos que leram o G1: Aqui vai uma oração especial a todos que leram minhas postagens no blog da Globo no Dia da Mulher. Muitíssimo agradecida por sua participação. Que Deus os abençoe hoje e sempre!


Tigu: Fiquei comovida com o carinho de vocês em relação ao aniversário do Tigu, MUITO obrigada mesmo! Você sabe que eu não pude ter filhos e que Tiguzinho é um filho para mim, tanto que o chamo de “meu filho felino”. Sei bem que ele é um gatinho sem raça, simples, mas quando olho para ele só consigo vê-lo como o gato mais lindo do mundo!!!


OM Shanti

21 de março de 2007

Liz Aqui na Índia


Nâmaskar

Mantendo nossa tradição de depoimentos de outras pessoas sobre a Índia, hoje temos o relato da queridíssima Liz, que está aqui na Índia neste exato momento!!


Oi minha kerida
Sandra

É com imenso
prazer que
escrevo nossas
"Indiadas" para
teu excelente
Blog.

Apesar de ter o
meu próprio blog
www.liznaindia.blogspot.com
e de contar tudo que vivenciamos por aqui;
não quis escancarar o meu sofrimento profissional,
simplesmente pq sei que isso não é bom
profissionalmente falando.
No entanto percebo que todos meus amigos estão
sofrendo comigo essa angustia que me consome...
E vc esta sendo muito importante nessa fase,
minha kerida amiga.
Mas para quem não me conhece ainda, resumirei
"em detalhes" como tudo começou...
Somos de Novo Hamburgo - RS (40km de POA),
capital nacional do Calcado
(pelo menos era conhecida como tal), e como a
maioria da população
trabalhamos na área calçadista.
Somos técnicos em calcados, eu direcionada
p/ área de Desenvolvimento do
produto, designer e calce; o Edson como técnico
de produção. Devido aos
motivos econômicos do nosso pais, as oportunidades
de emprego nessa área
foram desaparecendo do nosso vale. Mts empresas
fecharam e outras mudaram
para o norte/nordeste do pais.
Assim, passamos os últimos 5 anos numa batalha
árdua de manter nossos empregos.
No inicio do ano passado, fomos escolhidos por um
cliente americano, Cole Haan (Nike), para vir trabalhar
na Índia, e cuidar de sua marca.
Hj somos funcionários de uma empresa Indiana, KHShoes,
localizada no Sul
do país, no estado de Tamil Nadu.
Nosso trabalho se direciona especificamente com este
cliente, visto que
a fabrica tem vários; mts deles Europeus.
A empresa eh uma das maiores da Índia, e tbm uma das
mais ricas. Tem em torno de 2000 funcionários, e produz
diariamente 4000pares de calcados.
Seu produto principal eh Mocassim feminino, mas tbm
produz masculino e infantil.
Moramos na Guest House, que fica no pátio da empresa,
a 100mts do nosso escritório.
Moramos com mais alguns funcionários estrangeiros,
2 Italianos e um Alemão,
mas com fluxo de clientes mt grande.
Nesta Guest, temos cozinheiros, arrumadeiras e um
"Anjo"(q faz tudo, ate levar cafezinho p gente...hehehe)
que cuidam da gente.
Nos finais de semana, fugimos da Golden Prision, e vamos
para a capital do estado, Chennai (antiga Madras), que
fica a 112km da empresa.
Hj (desde Janeiro) dividimos um apto lá, com mais
um casal brasileiro, que conhecemos pelo Orkut. Tbm
por ele, encontrei mais alguns brasileiros,
onde hj formamos uma bela comunidade. Atualmente
somos 8, sendo que tem mais 2 que não saem de casa
portanto ainda não os conhecemos...hehehe
Mas esta chegando mais um casal em breve, para a
minha alegria.
Chegamos a Índia em Julho/2006 para uma jornada
de 1 ano.
Desde nossa chegada, sempre fomos bem tratados, visto
que também somos bem educados e bem "brasileiros".
Sabem aquele povo que não reclama muito,
não eh grosseiro, fecha um olho para determinadas
coisas, enfim, um povo gente boa??!! Bem diferente
de alguns estrangeiros que passam por aqui...
Mas mesmo nos esforçando para conviver com pessoas
estranhas, e tbm com uma cultura mais estranha ainda,
fomos surpreendidos com uma falsidade que não esperava.
No inicio, a pessoa que trabalha com o Edson, estava
com receio de nós, claro que isso eh bem normal.
Mas já o meu suposto chefe, foi desde o primeiro
momento mt atencioso, curioso, e simpático.
Como aqui não tem mulher nenhuma trabalhando na área
de chefia ou de posição de destaque, eles não sabiam
o que fazer comigo e como me tratar.
Como sabem, iniciar um novo emprego já eh difícil,
imaginem num pais que vc não conhece, com pessoas de
uma cultura totalmente diferente...
Mas como a gente sempre da uma jeitinho brasileiro,
tentei me adaptar a realidade deles, e fiquei quieta
no meu canto, fazendo pesquisas e alguns desenhos
(criações), esperando de alguma maneira, uma
oportunidade.
Só que após um tempo, percebi que estavam mesmo era
me colocando de lado, dando um jeito de me enrolar e meu
chefe só dizia: - “Keep doing”.
Após 4 meses, eu enchi o saco! 
Sou super ativa, comunicativa, tenho iniciativa, e tbm
gosto de aprender se for o caso. Mas nada que eu oferecia,
sugeria, acontecia. E ai, bom ai, eu me revoltei.
Cansei de estar sentada o dia inteiro numa sala,
onde 6 meninos passavam arrotando o dia todo.
Cansei de ser enrolada.
Cansei mesmo, de ser tratada como uma mulher na Índia!!
Sim, infelizmente foi essa a minha pior decepção, ver
o quanto eles ignoram e menosprezam esse ser tão especial.
As mulheres são consideradas um ser inferior. São
maltratadas e ignoradas. É muito triste a condição da
mulher aqui. Triste mesmo.
Atualmente estou revoltada com a ala masculina Indiana!!! 
Para resolver meu dilema profissional, estou aguardando
a chegada do Diretor da empresa, que esta viajando. Pois
definitivamente cansei de conversar
com meu suposto "chefe", e o colega do Edson.
Cansei de implorar que me dessem algo para fazer,
porque calçar só me ocupa 1 hr de trabalho, o resto
do dia, fico aqui, lendo, escrevendo e
jogando paciência, que alias já perdi toda!
Acredito, que por estar na reta final da nossa jornada,
pouca coisa vai mudar. Mas o que quero deixar bem
claro eh que jamais renovarei um
contrato nessas atuais circunstancias.
Sou mulher com mt orgulho e honra, e apesar de já
ter sofrido preconceitos no Brasil na área profissional,
eu tenho ótimas experiências, mt vontade
de trabalhar e ajudar a quem precisa.
E modéstia a parte, eles precisam de muita ajuda aqui,
e nós brasileiros podemos ajudar mt mais do que
estão nos oportunizando.
O Edson mesmo sendo homem sofre mt dificuldade tbm,
mas eu, bom eu sou simplesmente ignorada por completo.
Como se eu fosse um fantasma, invisível!!
Apesar dessa decepção profissional, aprendi a amar
a Índia, a cultura daqui, as pessoas, as cores, sabores
e ate os odores (nunca me esquecerei dos
perfumes de flores e temperos!!!); mas essa imagem de
preconceito que estou levando cravada no meu peito, me
deixa triste, pois me sinto impotente.
Não quero somente resolver o meu assunto; gostaria
tbm de poder ajudar essas mulheres tão sofridas, mas
ao mesmo tempo tão belas.
Espero que de alguma maneira, mesmo que singela,
eu possa contribuir para uma futura mudança desse
machismo indiano ridículo e antiquado.
E deixar testemunhado aqui, que apesar de todos
os contrastes e choques culturais, e tbm de sentir um
amor e ódio relativamente proporcionais,
estou adorando conhecer e vivenciar tudo. Pois querendo
ou não, eh das péssimas experiências que aprendemos
as grandes lições.
Bjkas
Liz e Edson

Eu Sandra, gostaria de acrescentar que já por duas vezes ouvi mulheres que vieram aqui trabalhar reclamar do mesmo grave problema do exacerbado machismo indiano; portanto quando Liz me contou sobre o problema dela isto não me surpreendeu. Infelizmente é a norma por aqui. O preconceito dos homens indianos em relação a capacidade profissional e intelectual da mulher é inacreditável. É muito duro ser menosprezada e ser tratada como um ser inferior. Poucas agüentam, a maioria sai daqui decepcionada.

Leia estas 4 postagens caso você seja mulher e esteja pensando em vir para a Índia a trabalho:

31 de Março de 2006 - Relato da Roberta – FIM

17 de Abril de 2006 - Desabafo

04 de maio de 2006 - Depoimento da Karen

13 de Outubro de 2006 - Paula – 6 meses de Índia

Incredible Índia! (slogan do governo indiano)

Om Shanti

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20 de março de 2007

Selo - Cadáver na 1º classe


Nâmaskar

No Dia Internacional da Mulher, foi lançado aqui em Delhi pelo Ministério para o Desenvolvimento da Mulher e da Criança um pequeno conjunto de quatro selos postais em homenagem a este Dia.
Parece pouco, e na verdade é, porém convém lembrar que foi o Ministério para o Desenvolvimento da Mulher e da Criança que criou a Lei de Proibição do Dote, criou a Comissão de Prevenção do Sati e a Lei de Prevenção do Tráfico Imoral de Mulheres.

Naturalmente estas leis não são cumpridas e a maioria das mulheres sequer sabem que elas existem mas já é um primeiro passo. A extrema submissão das mulheres somada ao machismo indiano são barreiras quase que intransponíveis em uma cultura onde o que manda é a sociedade e a tradição de mais de 5 mil anos.

***
Na postagem do dia 14 deste mês de março eu falei que a Copa do Mundo de Cricket estava começando.
A Índia já jogou duas vezes, perdeu na primeira e venceu na segunda.

O Paquistão perdeu nos dois primeiros jogos e para surpresa geral o técnico do time, Bob Woolmer, foi encontrado morto em seu quarto de hotel. Além de sangue havia também vômito na parede o que levou a polícia a pensar na possibilidade de envenenamento. Resta agora saber se foi suicídio, overdose ou assassinato. O corpo de Bob Woolmer está neste momento passando por uma autopsia na Jamaica, local onde está ocorrendo a Copa do Mundo de Cricket.

É sabido e notório que ele estava sob intenso stress. O time não estava indo bem e todos o culpavam por isso. Ele por sua vez culpava os jogadores que se acham “estrelas” e não queriam seguir suas ordens. Seja qual for o motivo, o fato é que agora ele está morto e o Paquistão terá a oportunidade de colocar um novo técnico em seu lugar. Com o Paquistão fora da Copa, a Índia agora tem um pouco mais de chance de sair vencedora.

Eu particularmente não gosto de Cricket pois é um jogo muito parado, sem ação nenhuma e monótono. Para mim é um baseball piorado; mesmo assim é um jogo importante para os países ex-colônias da Inglaterra. Tão importante a ponte de levar um técnico a morte, seja por suicídio seja por assassinato.

***

British Airways se desculpa por colocar cadáver em 1ª classe

da BBC

A morte de uma passageira idosa em um vôo da British Airways (BA) entre Nova Delhi, na
Índia, e Londres, na semana passada, forcou a equipe de bordo a conceder um inusitado "upgrade" que irritou um passageiro da primeira classe e levou a companhia aérea a divulgar uma nota de desculpas.
O passageiro contou que acordou no meio da noite com um cadáver preso, com cinto de segurança e travesseiros, ao assento ao lado, que estava vago quando ele adormecera.

Ele reclamou ainda de ter que agüentar os lamentos dos parentes da senhora, que passaram o resto da viagem velando o corpo.

A senhora viajava na classe econômica, que estava lotada, quando morreu e, segundo a nota oficial de desculpas da BA, foi levada pela equipe de bordo para a primeira classe porque essa "era a opção que eles pensaram que provocaria o menor transtorno".
"O vôo estava muito cheio, embora houvesse espaço na primeira classe, o que permitiu aos parentes que viajavam com a falecida algum nível de privacidade no seu luto", diz o comunicado oficial da empresa aérea. "Desculpamo-nos com os passageiros da primeira classe que se incomodaram com a situação."
O passageiro incomodado com a situação reclamou ainda que não foi avisado pelo pessoal de bordo sobre a situação da senhora ao seu lado.
De acordo com ele, no primeiro momento, ele pensou tratar-se de alguém que passara mal e foi necessário que perguntasse a um funcionário o que acontecera para saber que se tratava de um cadáver.
O vôo noturno entre Nova Delhi e Londres dura nove horas e custa em media, para os passageiros da primeira classe R$ 12 mil a mais.

Foto: Selos postais lançados este ano no dia Internacional da Mulher

Incredible India! (slogan oficial do governo indiano)

OM Shanti


19 de março de 2007

Shiva


Nâmaskar

Hoje temos a participação especial de Thakur Dasa dono da comunidade Shiva - Siva escrevendo sobre o deus Shiva. Veja abaixo o link da comunidade.

Shiva, o Asceta Sensual.

Shiva é um dos Deuses mais venerados por toda a Índia, suas histórias e lendas são recontadas por várias gerações nos lares hindus. Ele, assim como Brahma e Vishnu, pertence à Trimurti, ou “Trindade”, por isso Ele é bastante respeitado.

Shiva é um Deus de múltiplos nomes e títulos. A palavra “Shiva” (शिव) vem da raiz sânscrita “Si”, que significa “bom” ou “auspicioso”. Alguns exemplos mais famosos de seus nomes são: Mahadeva (Grande Deus), Maheshvara (Senhor Supremo), Pashupati (Senhor dos Animais), Mahayogi (O Asceta Supremo), Nataraja (O Rei dos dançarinos), Digambara (Aquele que possui o céu como vestimenta) e Bholanath (o Deus inocente).

Na Trimurti, Shiva é o responsável pela destruição, ele aniquila aquilo que não serve mais para que algo novo possa ser criado em seu lugar. Ele faz a “faxina cósmica” que deixa o ambiente preparado para uma nova criação, pois a visão hindu do universo é cíclica. Shiva é o responsável por destruir o universo e sobreviver após essa destruição. Sua posição é diferente da de Brahma, por exemplo, que após ter criado o universo, se torna uma presença subordinada, e de Vishnu que após a criação ser dissolvida se torna uma criança do tamanho de uma folha de figueira. Vishnu só volta a sua forma normal após Mahadevi, o aspecto feminino de Shiva, lhe fizer relembrar quem é e qual a sua função. Assim Vishnu criará Brahma, que dará início a um novo universo.

Shiva, nunca cresce nem diminui de uma forma para outra. Essa multidimensionalidade que lhe foi conferida é simplesmente única, Shiva está além de todas as formas! Como Nataraja Ele dança fervorosamente para destruir o universo, para aniquilar a ignorância e para o deleite de seus devotos.

Shiva é freqüentemente representado na forma do Lingam, um símbolo fálico feito de argila ou outro material com três linhas brancas horizontais, representado seu poder de fertilidade, o aspecto regenerativo do universo material. Essa é uma forma abstrata de adoração a esse grande Deus. O Linga representa o Deus sem forma, sem atributos, que é Shiva em sua forma mais transcendental: o indivisível, o onipresente, eterno, auspicioso, puro, essência imortal do universo, a alma imortal que reside no interior dos seres, o supremo Brahman.

Shiva é estático e dinâmico ao mesmo tempo, criador e destruidor, ele é o mais velho (Jyestha) e o mais jovem (Kanishta), ele é a eterna juventude assim como a infância. Ele é a fonte da fertilidade nos seres, ele possui formas gentis e ferozes, Shiva é o maior dos renunciantes e mesmo assim o melhor dos amantes. Ele destrói o mal e protege o bem. Shiva confere prosperidade aos seus adoradores sendo ele próprio um renunciante.

Shiva é inseparável de Parvati, a Deusa Suprema Shakti Devi. Não há Shakti sem Shiva e vice-versa. Shakti é o próprio Shiva na sua forma ativa. Os dois são um só, o supremo estado do Ser, Consciência e Felicidade.

O aspecto abstrato de Shiva é o controlador dos desejos humanos e representa o ‘Yogi’, aquele que transcendeu aos prazeres mundanos. Diz-se que Ele elimina Kama (desejo sexual), Moha (desejo material) e Maya (pensamentos mundanos) da mente dos seus devotos.

A morada de Shiva é o Monte Kailash, que fica no Tibet. Algumas escrituras falam desse monte como o centro do mundo. Acredita-se que Shiva reside no topo desta montanha, junto com sua sagrada família: sua esposa Parvati, seus filhos Ganesha e Skanda, e Nandi, o touro que utiliza como transporte. Alguns homens já conseguiram chegar ao topo do Monte Everest, o mais alto do mundo, mas mesmo assim, nenhum ser humano não-mitológico jamais conseguiu chegar ao topo do Monte Kailash.

A montaria de Shiva é o touro Nandi. Ele é o grande semeador, e representa a energia fecundante de Kama, o deus do amor. O touro que vagueia por todos os lados, ansioso por encontrar uma parceira, é a incorporação do impulso sexual. A maioria das criaturas vivas é governada pelos seus impulsos sexuais, elas estão submissas ao touro. Mas Shiva é o mestre da luxúria, ele domina o touro e por isso pode andar montado nele. Assim, a imagem de Shiva no topo do touro representa o desejo sexual sob controle, mas não enfraquecido!

Apesar de Shiva e sua consorte Shakti serem deidades criadoras, o verdadeiro motivo de sua união não é a procriação, mas a voluptuosidade e o prazer (ananda). Muitas lendas tratam somente dos passatempos amorosos de Shiva e Shakti. Os dois opostos, os pólos negativos e positivos, adquirem realidade somente quando se relacionam. Em outras palavras, a causa imanente do universo, substância, e criação, é o Desejo.

Shiva é um deus essencialmente familiar, paternal, adorado tanto pelos monges celibatários quanto pelos pais de família. É um Deus de muitas facetas, de muitos aspectos, e de muitos poderes. É ao mesmo tempo sensual, e austero; inocente e sábio; criador e destruidor; masculino e feminino; doce e feroz; transcendente e imanente. É o Deus dos opostos (a cara da Índia), é o Deus do Todo.

O autor desse artigo é Thakur Dasa, o dono da maior e primeira comunidade sobre Shiva no orkut (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=84119). Participe desta comunidade e descubra mais sobre o poderoso deus Shiva.


Incredible India! (slogan oficial do governo indiano)

Om Shanti

16 de março de 2007

Unhudo - Estupro - 80 mortos


Nâmaskar

O artista indiano Nangaji Bhati, 45, usa sua unha de 12 cm para pintar quadro em Ahmedabad, Índia.

***

Ontem a coisa foi sangrenta por aqui. 80 mortos no total. 15 no estado de West Bengal e 55 em Raipur um distrito de Chhattisgarth.

Os 15 que morreram em West Bengal foi devido ao confronto direto com a polícia quando esta tentou retirar as pessoas de uma propriedade que o governo pretende comprar para construir uma agroindústria.

Já os 55 que morreram em Raipur foi o resultado de um ataque terrorista por parte de um grupo de guerrilha de extrema esquerda conhecido como Maoistas por acreditarem na filosofia de Moa Tse Tung (antigo líder Chinês).

Cerca de 400 Moistas atacaram um acampamento militar com granadas, bombas e levaram até geradores para iluminar o alvo do ataque pois eram 2 da madrugada quando eles atacaram e estava tudo escuro.

Uma tristeza ver as esposas e filhos dos militares mortos covardemente em prantos. Nossa que coisa horrível. Pedaços de corpos ensangüentados espalhados por todos os lugares. E os feridos então? Sofrendo, chorando, gritando de dor.

É, esta é a Incredible India! A Índia da paz e espiritualidade que só mesmo os ocidentais acreditam, pois aqui o cenário é BEM diferente!!!!

***

O famoso e celebrado estilista indiano Anand Jon, foi preso ontem nos Estados Unidos onde mora, por estupro.

Ele está sendo acusado de estuprar 1 moça, forçar mais 2 a ter sexo oral com ele e molestar uma menor de idade.

Ele está em cana e só sai de lá se pagar uma fiança de 1 milhão e 365 mil dólares!!!!! Enquanto isso, a polícia investiga as acusações contra ele para saberem se são falsas ou verdadeiras.

***

Um professor particular que matou sua ex-aluna a facadas em 1999 recebeu ontem finalmente sua sentença – prisão perpétua (que na Índia significa 30 anos). Também este não tinha como sair livre como geralmente acontece com homens que matam mulheres por aqui, visto que ele ainda estava na casa da menina segurando a faca ensangüentada na mão quando a polícia chegou. A pressão da mídia também ajudou muito a por o professor assassino atras das grades por uns bons anos.

O motivo do assassinato é que ele havia se apaixonado pela menina na época em que lhe dava aulas particulares e ela iria casar-se dentro de 10 dias com um rapaz de boa família.

Quando o professor a assassinou ele já não dava mais aulas particulares para ela mas sim para seu irmãozinho menor.

Fico feliz em saber que a justiça indiana começa a agir a favor das mulheres.

***

Muito triste e chocantes as notícias hoje e por isso mesmo vou colocar a foto do pintor “unhudo”, melhor do que colocar foto de corpos despedaçados. Pelo menos este não gasta dinheiro com pincéis :)

Incredible India! (slogan do governo indiano)

Om Shanti

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