6 de março de 2007

Ratan Tata


Nâmaskar

Aqui vai mais uma colaboração da Liliana Sousa.

O homem que venceu a CSN

Ratan Tata, dono de peculiar megaempresa familiar,
é o símbolo da expansão global da Índia


Duda Teixeira

O capitalismo se internacionalizou no século XX em boa parte com a compra de empresas de países em desenvolvimento por companhias européias e americanas. Na ordem econômica deste novo século, ocorre o movimento inverso. Na semana passada, a indiana Tata Steel venceu o leilão internacional e arrematou por 12 bilhões de dólares a Corus, uma tradicional siderúrgica anglo-holandesa. A disputa foi com a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que saiu frustrada do leilão. O negócio, que coloca a Tata Steel como a quinta maior siderúrgica do mundo, é mais um de uma série de lances ousados dessa peculiaríssima empresa familiar. Nos últimos seis anos, a Tata comprou a Tetley Tea inglesa, a coreana Daewoo Veículos Comerciais, a companhia americana de telecomunicações Tyco Global, uma siderúrgica de Cingapura, um hotel em Nova York e até tem uma empresa de software no Brasil, a Tata Consultancy Services (TCS). A vitória no leilão foi a maior operação já feita por uma companhia indiana no exterior. "A Tata tem agora escala global", festejou Ratan Tata, o presidente da empresa. Aos 69 anos, Tata é um símbolo da expansão global da Índia, embora faça parte de uma minoria religiosa inexpressiva, os parses, seguidores do zoroastrismo, que não passam de 70.000 pessoas em um país com mais de 1 bilhão.

O grupo Tata fatura 22 bilhões de dólares por ano, o que representa 2,8% do produto interno indiano. De certa forma, é a locomotiva que puxou o crescimento econômico indiano de 8,2% no ano passado. Jamsetji Tata, fundador do grupo em 1868, foi pioneiro em várias áreas da economia. Construiu a primeira siderúrgica, a primeira usina hidrelétrica e as primeiras fábricas de tecido e de cimento. Um de seus sucessores, Jehangir Tata, montou fábricas de motores, um banco e uma companhia aérea. Ratan Tata assumiu a presidência da empresa em 1991, quando a economia da Índia se abria ao mundo e começava o processo de privatização de estatais. Naquele tempo, o grupo patinava em crise financeira, com várias unidades no vermelho. Ratan reverteu completamente o cenário, multiplicando o faturamento da organização por sete.

Seus métodos foram duros para os padrões paternalistas do capitalismo que predominava na Índia. Ele demitiu sem dó empregados em indústrias deficitárias, estimulou seus comandados a expandir negócios no exterior e impôs metas ambiciosas. Uma de suas idéias de sucesso foi desenvolver produtos para os indianos pobres (a renda per capita indiana é de 3.000 dólares anuais, metade da chinesa). Um dos produtos mais bem-sucedidos foi o caminhão Ace. Com apenas 700 cilindradas e preço de 5.000 dólares, hoje responde por dois terços do mercado. Dentro de dois anos, a Tata pretende lançar um carro de 2.000 dólares. O veículo, forte candidato a ser o mais barato do planeta, foi projetado pelo próprio Ratan.

A forma de comercialização também será revolucionária. Os automóveis serão vendidos desmontados, em forma de kits, a pequenas empresas em áreas rurais. Caberá a elas a montagem final, o que deve gerar empregos e renda até nos grotões do subcontinente. "Ratan tem um grande talento para entender as peculiaridades de um grupo extremamente complexo, que possui de usinas hidrelétricas a fábricas de chá, e conduz tudo isso de maneira extremamente simples e coloquial", diz Sérgio Rodrigues, presidente da TCS. Uma característica do grupo é a ênfase na filantropia. Mais de 60% do capital da Tata Sons – nome da holding que controla 96 empresas – está nas mãos de onze instituições de caridade. Em um país com 300 milhões de miseráveis, elas mantêm hospitais, ajudam comunidades agrícolas e oferecem pequenos financiamentos a juros baixos.

Entre os indianos, Ratan Tata foi eleito uma das personalidades mais queridas, à frente até das celebridades de Bollywood, a meca do cinema indiano. Em grande parte, essa popularidade decorre de sua humildade. O executivo conversa com funcionários na linha de produção e com diretores de outras companhias sem mudar o tom de voz. Seu estilo pessoal chama atenção pelos contrastes. Apesar de conduzir negócios bilionários e possuir uma fortuna pessoal estimada em 300 milhões de dólares, Ratan não ostenta sua riqueza. Solteiro, vive com dois cachorros em um apartamento na populosa Mumbai, de 13 milhões de habitantes. Tímido e introspectivo, pessoalmente em nada lembra a agressiva expansão mundial do grupo. Para os indianos, essas características contraditórias já fazem parte da rotina. Agora é a vez de o mundo se adaptar a elas.

7 comentários:

  1. Como sempre o Blog está bombando, isso aqui é tudo de bom!

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  2. Oi Sandrinha, que bom existirem pessoas como Ratan Tata, que nos ensiam como utilizar a riqueza, uma prova muito dificil nos dias de hoje. Tiro dez vezes meu chapéu para ele. Esse é um homem iluminado! Beijos no coração OM Shanti

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  3. vi o estande da Tata Steel no "India Show" que teve em são paulo...por sinal, o mais requintado. Impressionante as áreas de atuação, indo de rede de hotéis a fabricação de automoveis.

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  4. Olá,Gostaria de saber se vce pode me informar o email do Ratan Tata,para que eu o parabenize pelo sucesso.Nádja

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  5. Ola Pessoal,

    Bom Domingo pra vcs. Bem estou acompanhando as matérias sobre essa personalidade indiana.
    descrevo assim ele:

    "A SIMPLICIDADE DESSE HOMEM ESTA NO SEU OLHAR".

    É dificil encontrar pessoas com esse caracter!

    abracos, a todos.

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  6. gostaria de pedilo em casamento

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  7. Oi Sandra. Não sei qual seu nível de relacionamento com o Sr. Ratan Tata. No entanto, pela admiração que demonstra deve ter algum tipo de acesso ao mesmo. Aproveito a oportunidade para solicitar-lhe que indague ao ilustríssimo Sr. o porquê de constar na base de dados da Receita Federal do Brasil, um vínculo empregatício meu com a TATA CONSULTANCY SERVICE DO BRASIL, vigente desde 16/07/2004, sem que eu jamais tenha trabalhado para o essa empresa ?

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