25 de maio de 2007

Autobiografia de Gandhi - Parte 3


Continuando com a autobiografia de Gandhi....

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No capítulo sobre RELIGIÃO Gandhi diz que nasceu em uma família Vaishnava (adoradores de Vishnu) e que sua mãe ia todos os dias ao haveli.

Gandhi leu o épico Ramayana e ouvia trechos do Gita sendo recitado. Ia a templos de Rama e Shiva e conversava sobre religião com os amigos muçulmanos, jainistas e parsis. Somente o cristianismo não fazia parte de sua vida nesta época.

Embora ele fizesse tudo isto, ele confessa que tinha uma tendência ao ateísmo. “...incline somewhat towards atheism.”

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PREPARAÇÃO PARA A INGLATERRA, neste capítulo Gandhi diz que gostaria de ter estudado medicina, mas por ser de família Vaishnava a dissecação de corpos de pessoas mortas estava fora de cogitação e seu irmão mais velho queria que ele fosse advogado.

Sua mãe recusava-se terminantemente a deixa-lo ir estudar fora da Índia e só permitiu após te-lo feito prometer e fazer votos de que não iria beber nada alcóolico, comer carne ou envolver-se com mulheres. Gandhi fez os votos solenes frente a um monge jainista.

Gandhi deixou para trás a esposa e um bebê de poucos meses. Aos 18 anos de idade partiu para Mumbai de onde iria pegar o navio para a Inglaterra.

Antes de embarcar para a Inglaterra, hindus ortodoxos disseram que eram contra a ida dele “Our religion forbids voyages abroad.” pois a religião proibia viagens para o exterior, mas ele foi assim mesmo.

Durante a viagem de navio Gandhi quase não falou com ninguém pois tinha vergonha do seu péssimo inglês e não comia no refeitório junto com as outras pessoas pois não sabia usar talheres. Ele fazia suas refeições escondido em sua cabine.

Até hoje os indianos não usam talheres para comer, comem somente com a mão direita e possuem forte sotaque ao falar inglês. Pouco mudou nestes últimos 80 anos.

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No capítulo LONDRES, Gandhi conta sua primeira experiência em etiqueta ocidental. Um amigo, Dr. Mehta, o ensinou a não mexer nas coisas (objetos) dos outros, a não falar em voz alta, a não fazer perguntas pessoais (que são comuns na Índia), e a não chamar aos homens de “Sir” (que também é comum na Índia até hoje).

Gandhi achou tudo estranho na Inglaterra, costumes, hábitos, modo de vestir e comportar-se mas o pior foi manter o voto de vegetarianismo pois ele achava os legumes insípidos. “…the dishes that I could eat were tasteless and insipid”.

Para você que acompanha o blog, deve lembrar-se do depoimento do Dr. Santosh quanto a culinária brasileira e sua falta de sabor. A verdade é que os indianos não gostam de comida ocidental pois não tem temperos e pimenta suficiente para seu paladar. Os ocidentais por sua vez não conseguem comer comida indiana devido ao excesso de massala e pimenta. Diferenças culturais-digustativas.

Foi em Londres que Gandhi comprou seu primeiro livro sobre vegetarianismo. O autor era Salt e o livro chamava-se “Plea for Vegetarianism”. Segundo Gandhi, ele tornou-se um verdadeiro vegetariano na Inglaterra, devido a este livro e outros que leu; pois até então ele mantinha o voto de vegetarianismo pois havia prometido a sua mãe, mas não era uma escolha sua que vinha de seu coração. Após ler este livro ele fez a escolha de ser vegetariano de coração, e não porque havia prometido a alguém ou feito voto solene.

Na Índia, Gandhi nunca leu jornal, mas em Londres ele começou a ler jornal regulamente. (Todos os indianos atualmente lêem jornal. Eu também).

Neste capítulo Gandhi conta sobre a vergonha de falar para os ingleses que apesar de ter somente 18 anos de idade e estar estudando, já era casado há 5 anos e pai de família.

Gandhi informa que os outros jovens indianos omitam o fato e arrumavam namoradas inglesas, pois todos tinham vergonha em falar sobre o casamento infantil e também queriam “aproveitar” enquanto estivessem na Inglaterra.

(Já é sabida e notória a preferência indiana por “carne branca”, nos 2 sentidos).

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No capítulo BRINCANDO DE CAVALHEIRO INGLÊS, Gandhi confessa ter comprado roupas inglesas caras e elegantes, inclusive uma cartola e pediu a seu irmão mais velho que lhe enviasse uma corrente de ouro dupla de relógio. Ele também se dedicou a aprender a arte de dar nó em gravata (coisa que indianos não usam e portanto não sabem dar nó).

Ficava pelo menos 10 minutos na frente do espelho se admirando, penteando o cabelo e ajeitando a gravata.

Para tornar-se um perfeito cavalheiro inglês, Gandhi também investiu em aulas de dança de salão, francês, oratória e violino.

Gandhi acabou sentindo-se culpado em usar o dinheiro que seu irmão lhe enviava, com as aulas; assim, as aulas duraram somente 3 meses mas o gosto pelas roupas finas permaneceu por anos, segundo ele.

FOTO: Gandhi aos 21 anos, estudante de Direito na Inglaterra.

FILME: Esta é a primeira entrevista de vídeo gravada com SOM de Mahatma Gandhi. (em inglês)

Clique: http://youtube.com/watch?v=8EiRgvyVfHY

Continua amanhã...

Om Shanti

Um comentário:

  1. Oi fessora!

    Estou amando a história do Gandhi, especialmente por ele ser taradão, sinal que há esperanças para muitos de nós homens.

    Confesso que nada sabia sobre ele, eu diria dele o mesmo que digo sobre futebol: que nunca ganhei dinheiro com isso.

    Sim a India me persegue, num dos tantos blogs que leio, apareceu esse post sobre dentistas da India, e logo pensei: Isso dá um post.

    http://fiadamae.com.br/blog/2007/05/dentistas_na_ndia.html

    Forte abraço,



    JUlio

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